Estava silêncio, não um silêncio comum, mas daqueles em que se ouve todos os ruídos que lhe cercam.
Eu estava sentada, ouvia o ventilador, ouvia as pessoas, ouvia até a água que transbordava de uma caixa d'água e caia no chão.
Foi uma experiência incrível, eu arrepiava enquanto sentia a transmissão daquela energia positiva que de certa forma tomava meu corpo e inebriava meu espirito.
Há muito não me sentia daquela forma... estava em transe. Embebida de uma energia surreal. Do mesmo modo que a água transbordava no tanque, a energia emanava de dentro do meu ser. Acho que isso fazia eu me arrepiar.
Não era um arrepio comum, nem era um arrepio qualquer. Naquele momento todos meus sentimentos sentiram o acalento.. algo que me abraçava. E no abraçar sentia um tocar profundo que me tirava dali; não sei pra onde fui, mas sei que não estava mais ali. Por um instante estive em transe; e por uma eternidade permaneci naquele lugar de paz.
Disse Clarice Lispector: "Como um gato de dorso arrepiado, arrepio-me diante de mim". Era isso, mas também era mais do que isso. Não era apenas diante de mim que eu estava, eu estava diante da vida. E dali eu era capaz de sentir o mundo. Eu estava em paz.